Agora, veja meu lado profissional.

TEMPO DE LEITURA

🕐 3 minutos

COMPARTILHE

VOCÊ ESTÁ EM

 

A profissional Karina começou lá no cursinho ainda, eu estava no último ano do ensino médio quando tive que assumir a responsabilidade de ajudar financeiramente em casa, estudava numa escola particular e tive que terminar o ensino médio na escola pública. Nenhum problema quanto a isso porque eu estudei muitos anos na escola pública, mas era época de vestibular e eu estava estudando muito então eu consegui através de uma amiga que o pai dela era coordenador num cursinho super tradicional, ele me disse que eu poderia prestar uma prova e conseguir uma bolsa de estudos. Então eu terminei o ensino médio estudando na rede pública, fazendo cursinho como bolsista e trabalhando, na própria instituição para conseguir a bolsa integral.

Quando chegou a hora de prestar o vestibular eu tive que optar por universidades que ofereciam o curso de arquitetura e urbanismo no período noturno, para continuar trabalhando e pagar a minha faculdade. Consegui me formar numa grande universidade! Já no primeiro ano eu me inscrevi no FIES e fui com ele até o último do curso, eu tinha 70% de bolsa do FIES. Eu sempre valorizei muito a oportunidade de estudar, meu pai foi um dos primeiros na família a ter curso superior e sempre incentivou que a gente estudasse, fizesse curso de inglês.... isso me ajudou muito porque eu comecei a trabalhar como recepcionista e depois secretaria bilíngue, foi o conhecimento de um idioma que abriu as primeiras portas pra mim no mundo corporativo.

Eu toda trabalhada na hora do almoço.Numa dessas empresas que eu era secretária eu deixei meu currículo para futuras oportunidade na área de Workplace, porque na época eles não tinham nenhuma vaga em aberto.... e demorou quase um ano, mas eu fui chamada e selecionada para o programa de estágio deles. Nessa empresa eu fui efetivada e aprendi muito, as equipes técnicas eram formadas por funcionários (eletricistas, engenheiros mecânicos, técnicos de telefonia, não eram terceirizados) e eles tinham muitos anos de empresa, muitos ainda trabalham lá inclusive então foi um presente ter começado ali, ter tido essa experiência e oportunidade de aprender tanto logo nos primeiros anos da faculdade. Fiz amizades ali que eu levei pra vida toda! E foi ali também que eu dei início na minha vocação, onde comecei a trabalhar com arquitetura corporativa pensando no ambiente em sua totalidade, nos serviços e na experiência. Depois disso eu tive outros empregos, experimentei outras áreas, trabalhei em escritórios de arquitetura, em construtoras, acompanhei obras, até com Avaliações Imobiliárias eu cheguei a trabalhar mas quando recebi um convite de uma colega da faculdade para voltar para Workplace....

Aí eu tive certeza que queria essa área realmente. Meus olhos voltaram a brilhar! Queria fazer a minha carreira nessa área mesmo!

Na primeira oportunidade que eu tive, fiz minha pós-graduação e escolhi um MBA em gestão de projetos numa escola de negócios bem tradicional, porque nessa área, como você está muito inserido no ambiente corporativo, mais do que uma especialização técnica eu queria um curso para abrir ainda mais a minha visão mesmo. Nessa época eu cursei, por coincidência, a mesma turma que um dos executivos da empresa que eu trabalhava, ele era um gerente já e eu estava começando ainda, não tinha nenhum cargo de coordenação, era responsável apenas por um dos prédios da empresa.

E ter essa aproximação com ele também foi um aprendizado, acho que também despertou em mim... não sei... plantou aquela sensação que um dia eu poderia chegar lá também!!! sabe?

Eu sempre tive muita sorte porque eu fiz amigos em todos esses lugares que eu estudei, desde o começo no cursinho, que foram super importantes nas descobertas e sem saber, me indicaram muitos caminhos... Tive professores que acabaram se tornando amigos, temos contato até hoje, aliás minha terapeuta foi minha professora no ensino fundamental... tem uma professora também que nunca se esqueceu de mim. A professora de história da Arquitetura, confesso que História nunca foi o meu forte! Desde a escola, mas essa professora da facu ela tinha uma metodologia muito marcante, famosa porque ela aplicava uma avaliação onde os alunos tinham que desenvolver uma maquete dos principais edifícios que a gente estudava naquela disciplina. E meu grupo ficou responsável por reproduzir a galeria Vitório Emanuelle. É um prédio belíssimo, uma verdadeira obra de arte da arquitetura mas vamos combinar.... eu trabalhava muito o dia todo! Aí uma colega do trabalho disse que tinha um contato de uma pessoa que fazia maquetes, que ela viu numa faixa na rua, me passou a foto da faixa e eu liguei e encomendei a minha maquete. A proposta era que os próprios alunos desenvolvessem a maquete mas era comum na minha época as turmas contratarem esse serviço e apresentarem uns trabalhos maravilhosos. Mas isso era caro então eu decidi ligar pra saber quanto custava a dessa pessoa... Ela ficava longe mas tinha um preço ótimo, encomendamos!

Ai eu e a minha amiga então no dia da entrega, saímos mais cedo do trabalho pra buscar a maquete. A gente tinha mandado planta e fotos do edifício pra ela que me disse que seria tranquilo, que inclusive o marido dela era serralheiro e ela iria pedir ajuda dele pra representar em detalhes a estrutura metálica daquela cobertura. Quando nós chegamos na casa dela, a moça veio com uma “coisa” em isopor pintado com guache amarelo, tipo soft color, com uns arames.... minha amiga ficou pálida e eu já falei: calma, não é a nossa!! hahahaha gente, se vc estudou na mesma universidade com certeza vc ouviu essa história. Sim, era eu!! Sabe que não teve como né, eu fiquei de DP, fui reprovada nessa disciplina e quando estava refazendo a professora falou pra turma que eu estava pra por favor ninguém repetir o que alunos do ano anterior tinham feito se levar uma alegoria hahahaha nem preciso dizer que eu nunca mais contratei ninguém pra fazer as minhas maquetes né

Mas sabe que essa experiência de trabalhar desde o início da faculdade me ajudou muito a aplicar todo aquele conhecimento técnico da faculdade e já desde muito cedo ir preenchendo as lacunas da teoria e da prática. Principalmente na gestão de espaços corporativos, pelo menos na minha época, as disciplinas de projetos não tinham um foco para este ambiente de escritórios, layout corporativo. Era preciso fazer um exercício de cruzar mesmo as informações que a gente tinha de ergonomia, conforto ambiental com o dia-a-dia... a faculdade era muito mais direcionada a grandes construções projetos de complexos edifícios, bastante residencial, mas não tinham o foco nas edificações comerciais, nessa rotina de manter os escritórios funcionais.

Concentração nos relatórios das entregas.E o fato de eu ter começado a trabalhar nessa área muito nova me ajudou muito a absorver esse conhecimento e eu fui compartilhando ao longo dos anos, por ser mais experiente muitas vezes eu treinei colegas na equipe e também prestadores de serviços, que chegavam completamente despreparadas pra atender às demandas, sem nenhuma metodologia, só com o conhecimento de projeto mesmo! E as demandas do corporativo elas vão muito além disso, eu cheguei a gerenciar todos os prédios de uma empresa que tem sede em Sp mas áreas distribuídas em muitos prédios, com arquitetura e conceitos completamente distintos, desde prédios muito antigos (inclusive tombados) até prédios inteligentes, com tecnologia de última geração. Também cuidei dos prédios em outros estados, RJ, BH, Porto Alegre, todos com suas particularidades...cuidei de prédios em Boston nos EUA com todos os desafios de absorver as diferenças culturais de normas, as medidas que são diferentes enfim... fiz o gerenciamento a distância de um projeto em Luxemburgo, também com uma base europeia completamente diferente da nossa e consegui ter sucesso graças a metodologia de gestão de projetos.

Inclusive eu tive destaque nos projetos que participei com prêmios nos programas de reconhecimentos empresa, pelo resultado financeiro nos projetos de Space planning, prêmio em categoria de colaboração pelo uso das metodologias ágeis como design thinking que envolvem todas as áreas da empresa nas soluções de projeto e até a minha ida pra Boston, a oportunidade de trabalhar nos EUA, foi graças a essa repercussão positiva que os projetos tiveram aqui no Brasil. Lá eu fui muito mais pra levar conhecimento do que pra aprender, porque aqui os nossos processos já estavam mais estruturados. Mas foi incrível, ver lá de perto como as situações e as demandas são muito parecidas.

E eu acredito muito nisso, nessa troca de experiências, o conhecimento deve ser mesmo multiplicado e compartilhado com as outras pessoas.